sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Televisão

Hoje em dia todos ficamos bastante tempo em frente a televisão. Certa vez assisti um episódio dos simpsons em que a televisão deles quebra e homer fica muito preocupado em quem iria educar os filhos dele agora que a televisão estava quebrada. Ri muito diante do desespero deste pai que não se achava responsável pelo educação dos próprios filhos e acreditava ser a televisão uma grande fonte de cultura, moral e didática, inclusive ele se preocupava com a própria relação com o aparelho, como ele viveria sem aquilo para dizer-lhe o que é certo ou errado, o que comprar, i que fazer. Lembro que desde a adolescência, que é quando tive a liberdade de escolher os canais que assistiria, fazia variasse untas aos meus paisinstigadas por programas como malhação, mulheres de areia e depois que ganhei a sky, perguntas relacionadas a morte, crimes, provocados CSI e Without a trace. Minha curiosidade era sempre voltada para a veracidade daquelas informações, do tipo: mãe, se alguém me seqüestrasse você iria buscar o culpado sozinha ou deixaria tudo por conta da policia? Pai, se alguém me matasse você iria matar o culpado? Pai, se alguém tentasse estuprar eu e minha mãe na sua frente você acha que teria forcas e habilidade de se soltar para nos salvar? Perguntas que tentavam trazer pra minha realidade aquelas situações tão reais, porém completamente fora da minha realidade. Incrível é que situações que podem fazer parte da minha realidade só fui conhecer depois de adulta, crimes que acontecem no meu contexto cultural só aprendi muito depois, porque nossas novelas só falavam de romances, traição, comedia. Nossa televisão sempre foi sensacionalista ao mostrar os problemas sociais e se tornava um programa que ninguém que estudava e tinha o mínimo de conceito critico iria assistir. Apesar de ser absurdo, apelativo, baixo nível, era o mais próximo de minha realidade na televisão. Agora me pergunto, como essa televisão iria me preparar para a vida? Quando fiz direito percebi que alguns colegas eram muito extremistas, revoltados, e percebi que eles conheciam muito bem aqueles programas que eu nunca assisti sobre a realidade prisional do meu pais, sobre os problemas sociais, criminais, sobre como vive a outra parte da sociedade que vivo. Esse programas, por serem sensacionalistas, transformaram esses meus colegas em pessoas revoltadas e tratarem o direito como a mão da vingança e não da justiça. Falas como: estrupador tem que morrer; pena de morte devia existir no Brasil; ACM que estava certo porque ele tirava os ladrões da rua e mandava matar traficante. Isso é o que acontece com pessoas que vivem cientes da realidade da nossa sociedade. E eu? Sou alheia? Sou utópica? Sou inoscente? Imagino que a calma, o perdão, a consciência sao virtudes. Perceber que, apesar de eu ter mais acesso a educação, estar mais inserida na cultura e "saber" mais que o outro, não posso decidir como ele vive, o que ele deve fazer da vida dele. Como pessoa social o máximo que posso fazer é mostrar para ele as consequências dos atos dele, independente dele viver sobre outras regras e ter outras consequências para os atos que eu chamaria de "legalmente aceitos","obrigação social" e "direito do outro". A educação esta se tornando a mistura do que é visto na televisão com o que é ouvido em casa, na escola e nos meios sociais, sendo que o menor stimulo sao os pais, percentualmente, os indivíduos passam mais tempo longe dos pais. Acho que o que pode ser feito é, no pouco tempo que os pais tem, eles devem moldar os outros estímulos para que não hajam equívocos. Interpretação, para que meu filho não assista um programa e acredite no que o coleguinha diz sobre aquilo. Estar ciente do que acontece na vida de meu filho é uma forma de educa-ló, mesmo que eu não esteja presente todo o tempo, mas sim dando minha opinião sobre tudo que ele faz, e aos poucos estimulando que ele tenha sua própria opinião mais forte do que a minha. Criar um indivíduo independente, pensante e ativo.